Por que a Cemig indicou um ‘negociador de relações trabalhistas’ para a Cemig Saúde?

A Cemig indicou o gerente de Relações Sindicais Brunno Viana dos Santos Sant’Anna para o Conselho Deliberativo da Cemig Saúde. A ABCF (Associação dos Beneficiários da Cemig Saúde e Forluz) já havia alertado que os cortes de direitos na Cemig Saúde e o desejo da Cemig em transformar os planos vitalícios da Forluz em planos de cotas eram parte da preparação para a privatização da empresa.

A ABCF reforça o alerta. A categoria precisa se unir para evitar mais perdas na Cemig Saúde, Forluz e a privatização da Cemig. A patrocinadora está enviando sinais claros de que vai querer avançar no corte de direitos dos aposentados e trabalhadores.

Homem de confiança da Cemig

Não é incomum que negociadores sejam alçados a posições de destaque nas diretorias da Cemig Saúde e Forluz. O atual presidente da Cemig Saúde, Anderson Ferreira, também era um nome de confiança da Cemig nas mesas de negociação. A novidade é que, agora, a Cemig indica um desses nomes para o Conselho Deliberativo da Cemig Saúde. É muito preocupante.

Brunno Viana é, há muitos anos, um dos homens de confiança da Cemig nas mesas de negociação salarial com os trabalhadores e, atualmente, ele é o principal negociador da Cemig.

Cortes, pós-emprego e privatização

Os cortes na Cemig Saúde têm uma característica comum: transferem parte dos custos do plano apenas para os participantes, reduzindo o comprometimento da patrocinadora com os gastos. As restrições nos exames e cortes no PGE é um exemplo claro.

No caso dos planos de cotas (CD), por ser uma poupança exclusiva e por tempo determinado do próprio trabalhador, a patrocinadora se exime de pagar metade de eventuais déficits futuros. No caso do Plano A, a patrocinadora assinou um acordo chancelado pela Secretaria de Previdência Complementar (SPC, que atualmente é a Previc) em que assumia 100% dos déficits e dos superávits (artigo 57). Existe uma ação tramitando na Justiça com decisão liminar que mantém a validade deste artigo.

A ABCF já denunciou várias vezes que a intenção é transferir os participantes do plano A para um plano de cotas para se livrar de eventuais déficits.

Entregar uma Cemig ‘sem custos’ para o comprador

A estratégia é clara: cortar tudo o que possa afetar o balanço da Cemig e deixar só o filé da empresa para facilitar a privatização. O osso fica com trabalhadores e aposentados, que ajudaram a construir o que a empresa é hoje e receberão, como prêmio, cortes de direitos.

Sem os custos pós-emprego, a Cemig fica muito mais interessante para um eventual comprador numa privatização. É bom ficarmos atentos.

A Cemig vai querer cortar mais o quê? Vai querer separar o plano entre ativos e aposentados, como chegou a circular sobre as proposta de um grupo de trabalho da Cemig Saúde?

Cobramos que a gestão da Cemig Saúde pratique transparência total no nosso plano de saúde. Fazer de fato um dos valores escritos no site da Cemig Saúde: Transparência. Agir e comunicar com clareza e integridade.

União

O momento exige atenção e união entre os participantes. A ABCF está atenta e trabalhando pela união dos participantes e das entidades representativas para barrar os cortes de direitos e a privatização da Cemig, que será um prejuízo enorme para a população mineira e os trabalhadores ativos e aposentados.