Durante o XXV Encontro Anual da Cemig com o Mercado de Capitais nesta terça-feira, 15 de setembro, executivos da empresa falaram abertamente que pretendem privatizar a empresa ainda na gestão do governador Romeu Zema e que planejam fazer cortes nos planos de previdência e de saúde.
“A privatização depende do cumprimento de uma série de procedimentos que precisam ser feitos. Vamos passar por todas as etapas para que a privatização aconteça”, afirmou o presidente do Conselho da Administração da Cemig, Márcio Luiz Simões Utsch, logo na abertura do evento.
Cortes na Forluz e na Cemig Saúde
O diretor de Finanças e Relações com Investidores, Leonardo George de Magalhães, disse que a Cemig vai se dedicar a “reestruturar” os custos dos planos de saúde e de previdência, chamados de obrigações pós-emprego, a exemplo do que foi feito com o Seguro de Vida.
O diretor revelou que a Cemig já contratou uma consultoria para analisar as obrigações pós-emprego e adiantou que medidas serão tomadas neste segundo semestre de 2020 em relação à Cemig Saúde e à Forluz.
Presidente da Cemig abriu a porteira
No dia 8 de maio de 2020, o presidente da Cemig, Reynaldo Passanezi, disse numa LIVE que a privatização poderia ser um grande motor de transformação da companhia e que a sua “missão” era preparar a empresa para a venda. E sugeriu: “Quem sabe colocar condições que aumentem em muito a chance de sucesso da privatização”. Passanezi disse ainda que a privatização não só “ajuda na situação fiscal do governo de Minas Gerais”, mas ajudaria a Cemig a se estabelecer como “uma empresa melhor”.
A ABCF publicou a declaração com exclusividade (veja aqui) e exibiu o vídeo (aqui) que, mais tarde, a Cemig retirou do ar.
Vale lembrar que o modelo de “empresa melhor” que o governo Zema defende é a ENEL, de Goiás, que está ameaçada de reestatização pelos péssimos serviços prestados à população.
Cortes de direitos e garantia de dividendo para acionistas
Sabemos que “reestruturar”, na linguagem do mercado financeiro, é o mesmo que cortar. A ABCF mostrou, em diversas denúncias, os cortes de direitos feitos na Cemig Saúde já no primeiro semestre de 2020. Interessante notar que nos slides seguintes da apresentação, os executivos falam de “remuneração adequada ao acionista” e manutenção da política de “garantia de dividendo mínimo” de R$ 505 milhões por ano.
A manifestação dos executivos nos leva a uma triste conclusão. Os dirigentes perderam a vergonha em falar de privatização (lembre-se que a Cemig chegou a excluir o vídeo do presidente falando sobre o assunto) e que essa venda depende de uma limpeza da área para o comprador privado, conforme a ABCF alertou (clique aqui).
Ou seja, o projeto de privatização da Cemig passa pelos cortes da Cemig Saúde e pelas alterações (que, na prática, significarão cortes de direitos) nos planos A e B da Forluz. A ABCF luta contra os cortes de direitos tanto na Cemig quanto na Forluz, contra a privatização da Cemig e já entrou com uma ação para ter acesso aos estudos que estão sendo feitos pela Cemig/Forluz. Clique aqui para ler.
A ABCF entrou na Justiça porque a Forluz se negou a fornecer os documentos. Lembrando que a Forluz já passou informações dos estudos para a patrocinadora e se negou a passar para os participantes.
Se a missão do presidente da Cemig é preparar a empresa para privatizá-la, a missão da ABCF é lutar contra a privatização e defender os participantes da Cemig Saúde e da Forluz.
Conselheiros eleitos, representantes dos participantes, não vão se manifestar sobre os cortes na Cemig Saúde e na Forluz?
Conheça a História da ABCF e faça parte dela: https://portalabcf.com.br/historia/
Conheça a diretoria e o conselho da ABCF: https://portalabcf.com.br/abcf/diretoria-e-conselheiros/