Há 21 anos, no nascimento do filho Lucas, o advogado Mauro Maia decidiu avaliar um produto recém-chegado ao mercado de previdência e seguros, destinado a crianças e jovens. A novidade se mostrou uma escolha altamente vantajosa. Ao lado da mulher, Rogéria Vivacqua, Maia decidiu contratar um plano de previdência para Lucas — que, com apenas 3 meses de idade, começou a investir para o futuro. O advogado conta que o plano foi uma forma de garantir um rendimento para o filho.
— Avaliamos, à época, uma oportunidade de construir, em um único produto, uma economia mensal de longo prazo, de valores que se reverteriam em uma renda complementar para o Lucas. Fazemos essa complementação até hoje, para que ele tenha essa renda complementar de previdência — conta Maia, hoje com 56 anos.
Essa opção tem sido adotada por milhares de brasileiros nos últimos anos, por mais que a parcela de interessados ainda seja pequena frente ao potencial do setor.
O plano de previdência, por suas características de aplicação de longo prazo, quando contratado na infância, pode ser usado não só para complementar a renda na aposentadoria, mas também antes disso, na vida adulta, para pagar uma faculdade ou montar um negócio, por exemplo.
— Notamos uma consciência maior de pais, avós, padrinhos ou responsáveis diretos na tentativa de ajudar no futuro. Essa questão não está vinculada à renda da pessoa, mas a sua disciplina e organização. Sabemos que existem padrões de renda mais comuns para um investimento como esse, mas é importante dizer que é possível contratar contribuições a partir de R$ 25 — ressalta João Batista Mendes, presidente da Comissão de Produtos por Sobrevivência da FenaPrevi.
CULTURA DE POUPANÇA
Além disso, quanto mais cedo se começa a poupar para a aposentadoria, menor terá de ser o aporte mensal. Martin Iglesias, especialista em investimentos do Itaú Unibanco, calcula que, quando se começa aos 35 anos, o comprometimento da renda mensal chega a 10%.
— Temos uma tabela que faz a seguinte indicação: se começar a contribuir aos 35 anos, será necessário aplicar 10% da sua renda para chegar aos 45 anos com um ano de vencimento acumulado. Dos 45 para os 55 anos, você já terá três anos de rendimento. Quando você começa antes, o percentual de comprometimento da renda cai consideravelmente — explica Iglesias.
O interesse dos pais em garantir o futuro dos filhos tem sido sentido pela Brasilprev, ligada ao Banco do Brasil. Desde 1997, com o lançamento do Plano Júnior, 620 mil contratos foram firmados — o equivalente a 30% da base de clientes do fundo. Desse total, 92% foram adquiridos pelos pais. Ao completar a maioridade, o beneficiário poderá assumir o fundo e decidir o que fazer com ele.
— Observamos que, cada vez mais, o jovem, quando tem a oportunidade de resgatar o plano, continua fazendo a previdência. A mensagem é muito importante, pois, quando há essa cultura de poupar dentro de casa, você leva a educação financeira para a vida adulta. O jovem vê valor em economizar — salienta Ângela Beatriz de Assis, diretora comercial da Brasilprev.
Para Maristela Gorayb, planejadora financeira vinculada à Associação Brasileira de Planejadores Financeiros, a nova geração tem levado em consideração a importância de se contabilizar um lastro para os anos futuros:
— Hoje em dia, o jovem não está mais preocupado em comprar carro. Não existe pressa para casar, mas há consciência de que é preciso se planejar para conseguir seus objetivos. A pressão aumentou, pois as pessoas vão viver mais.
ESTABELECER PRIORIDADES
Há casos, também, em que os familiares pensam em projetos específicos, como uma faculdade ou um curso no exterior. No caso do engenheiro civil Andre Luiz Duizit Colin, o filho recebeu de presente uma previdência complementar com uma ideia inicial que pode ser modificada.
Os especialistas reforçam a necessidade de o investidor determinar suas prioridades ao decidir contratar uma previdência privada para o filho. Um ponto importante a ser considerado é a possível economia, no caso do PGBL, que permite abater do Imposto de Renda as contribuições em até 12% da renda tributável.
— No caso dos pais, que são titulares dos seguros, o desconto pode ser feito normalmente até o limite de 12% da renda (caso o filho seja seu dependente na declaração do IR). No caso de outros titulares, que não sejam os pais, esse desconto depende. Ele só será feito caso o seguro esteja no nome do responsável — explica Mendes, da FenaPrevi.
Fonte: jornal O Globo