O ex-gerente de Direito Administrativo da Cemig, Daniel Polignano Godoy, disse em depoimento à CPI da Cemig que foi espionado pela Kroll durante o período em que a empresa ainda não tinha contrato assinado com a estatal mineira. A Kroll é uma empresa de investigação empresarial e o advogado não era investigado pela Cemig.
Quando chegou em sua estação de trabalho no dia 3 de dezembro de 2020, quando ainda ocupava o cargo de gerente de Direito Administrativo, Daniel Polignano encontrou sobre sua mesa um formulário da Kroll em que constavam seu nome preenchido à caneta, aparentemente como uma coleta de evidências.
Veja o este momento do depoimento no trecho selecionado pela ABCF
Diretor jurídico disse que não sabia de nada
Surpreso e preocupado, o advogado Daniel Polignano procurou seu superior, e ele disse que não sabia de nada. Ambos foram questionar o diretor jurídico da Cemig, Eduardo Soares, sobre o ocorrido e ele também disse não saber do que se tratava. Então, o advogado procurou saber o que constava no contrato da Kroll para entender por que ele tinha sido investigado e, novamente surpreendido, descobriu que a empresa sequer tinha contrato assinado com a Cemig. O advogado não disse o nome do superintendente que era seu superior.
Daniel Polignano, então, pediu as imagens do circuito interno de vídeo e viu que o funcionário da Kroll foi conduzido até seu computador pela assessora do diretor jurídico, que ele nomeou como sendo Virgína e não é concursada. O vice-presidente da CPI, professor Cleiton (PSB), solicitou as imagens da câmera de segurança que revelam o momento em que o computador de Daniel Polignano foi espionado.
Eduardo Soares, atual diretor jurídico da Cemig, foi nomeado em março de 2020 e, antes, era sócio do escritório Lefosse Advogados, empresa contratada em outubro de 2020 pela Cemig pelo valor de R$ 890 mil para prestar “assessoria jurídica”.
Ironia: Cemig espiona e pede respeito a sigilo em depoimento
O deputado Sávio Souza Cruz (MDB) revelou que, antes do depoimento, os membros da Comissão Parlamentar de Inquérito receberam uma notificação dos advogados do depoente de que ele fez um acordo com a Cemig de que não poderia responder perguntas que revelassem informações sigilosas sobre contratos da empresa. A ironia é que o sigilo do advogado não foi mantido enquanto ele trabalhava na empresa. Para o deputado Sávio Souza Cruz, a Cemig “hoje é gerida como um boteco”. “Isso é coisa de Agente 86. Será que tem cone do silêncio lá também?”
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