Um dos entraves que emperram o crescimento da economia brasileira é a cultura que não temos para poupar. E não são poucos os fatores que levam a isso: a renda é baixa, inflação e juros altos que corroem o nosso poder aquisitivo, desemprego constante e imediatismo do brasileiro. Temos dificuldade de fazer um sacrifício no presente para obter uma recompensa que virá no futuro.
Outro fator que contribui é a falta de educação financeira, área a qual também não damos importância, talvez até pelo histórico inflacionário que acompanhou nossa economia ao longo de várias décadas. Considerando todas as faixas etárias, o índice de poupança no Brasil é de 11% da população, o 101º pior entre 144 países, atrás de nações muito mais pobres como Bolívia (20% da população), Filipinas (16% da população), entre outros. Os dados foram levantados pelo Banco Mundial.
Outro trabalho, publicado em 2015, conclui que no Brasil é muito alta a chamada Taxa de Reposição da Previdência e mostra que a maioria dos aposentados do País passa a ganhar o mesmo ou até mais do que recebia no trabalho.
A poupança para a velhice continua perturbadoramente baixa no Brasil, principalmente quando se leva em conta o nível de desenvolvimento econômico e financeiro do País. E dada a essa condição, segundo o Banco Central, só 1,9% da população investe em previdência privada.
Uma das alternativas seria o governo rever a política tributária e premiar quem poupa hoje para ter renda no futuro, como já ocorre na maior parte dos países desenvolvidos. É notório que a longevidade está aumentando, a população precisa estar mais atenta ao futuro.
Há negligência com os imprevistos e emergências que sempre ocorrem. É preciso estar consciente quanto aos recursos necessários para se aposentar mantendo o padrão de vida atual e, com base nisso, planejar quanto precisará poupar agora para ter uma velhice tranquila, esse é o passo inicial.
Como base de comparação, nos países desenvolvidos, 71% dos adultos guardam dinheiro com esse objetivo, diz a pesquisa. Apesar do comportamento imprevidente do brasileiro, a disposição dos que poupam resistiu à crise econômica. Certamente, a recessão pode ter levado muitos a guardar, com medo do futuro.
É bem provável que as transformações em curso no emprego tenham efeito semelhante. A maioria das pessoas que arrumaram ocupação nos últimos anos teve que aceitar trabalho sem carteira profissional ou abrir negócio próprio para garantir a própria vida.
Melhorar o nível de poupança do brasileiro ajudaria na própria reforma da previdência. Medidas de estímulo à poupança individual poderiam contribuir para amenizar os efeitos mais drásticos desse ajuste, reduzir as pressões sobre o cofre público e, ao mesmo tempo, diversificar fontes de financiamento para a combalida situação econômica pela qual o País passa.
A poupança é de fundamental importância para garantir uma velhice tranquila, mas muito importante também para financiar os projetos de que o País tanto necessita, quer no setor imobiliário, quer na infraestrutura, como também no financiamento de outras atividades para consolidar a nossa economia. O presente já sabemos como é, o futuro precisamos construir.
Fonte: Diário Online