A Cemig pagou R$ 170 mil à EXEC, empresa de seleção de executivos de São Paulo, para fazer a seleção do próximo presidente da companhia, quando Cledorvino Belini estava na iminência de deixar o cargo em dezembro de 2019. O problema é que o valor do serviço de seleção foi paga pela Cemig quando o atual presidente da Cemig já estava selecionado em janeiro de 2020.
A seleção resultou na contratação de Reynaldo Passanezi Filho, atual presidente da Cemig, que tomou possem em 13 de janeiro de 2020 e assinou o contrato para o pagamento de sua própria seleção em 20 de janeiro de 2020.
A denúncia é do site Bem Minas, que afirma ter documentos comprobatórios.
Entenda o caso
Em dezembro de 2019, o mercado de executivos já sabia que Cledorvino Belini deixaria a presidência da Cemig. O governo Romeu Zema (Partido Novo), portanto, começou a procurar um novo presidente. Segundo colunistas da imprensa mineira, João Amoêdo, presidente nacional do Partido Novo, participou da escolha.
Segundo Luiz Tito, colunista do jornal O Tempo e dono do site Bem Minas, a fatura pelo serviço de seleção pago à EXEC foi paga em 20 de janeiro pelo próprio Reynaldo Passanezi Filho, quando já ocupava o cargo da presidência da Cemig. O problema é que ele assumiu em 13 de janeiro e, portanto, ordenou que a Cemig pagasse, a posteriori, pelo processo que o selecionou.
“A empresa contratada para selecioná-lo, a EXEC foi, e documentos provam isso, incumbida informalmente pelo Governo do Estado de MG de selecionar ‘um executivo’, sem concorrência, sem licitação, sem revelar o preço dos seus serviços, a amplitude da pesquisa para seleção dos candidatos, nada. Uma cartinha com a impressão dos nomes de seus sócios dizendo da tarefa para a qual estariam ocupados, ou seja, selecionar ‘um executivo’. Tratava-se do presidente da maior estatal de Minas, a CEMIG”, diz o texto do site Bem Minas.
João Amoêdo teria interferido na escolha
Colunistas de veículos de comunicação mineiros atribuem a escolha de Reynaldo Passanezi à influência de João Amoêdo, então presidente nacional do Partido Novo e defensor da privatização da Cemig, assim como o governador Romeu Zema (Partido Novo). A ideia seria escolher um executivo que acelerasse o processo de privatização da empresa.
O pagamento a posteriori mostra que a seleção do presidente via empresa de RH foi apenas uma maneira de enganar as pessoas acerca dos processos de seleção “apolíticos e técnicos” do Partido Novo. Na verdade, tratou-se de um aparelhamento do Partido Novo, desta vez por meio do governador e do então presidente nacional da sigla.
Conselho de Administração sabia?
O Conselho de Administração aprovou e/ou sabia que era uma recomendação do sócio majoritário, o governo de Minas Gerais, ou sabia que era uma seleção da própria Cemig? Foi o então presidente Cledovino Belini que aprovou o contrato de seleção pago a posteriori? O Conselho de Administração sabia que Reynaldo Passanezi foi selecionado por uma empresa de RH? A denúncia diz que foi o o próprio Reynaldo Passanezi quem assinou o contrato.
Ministério Público vai investigar
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) está investigando irregularidades na gestão da Cemig sob o comando do governo Zema, conforme a ABCF vem divulgando. O Ministério Público investiga a Cemig por tentar mudar a sede para São Paulo com o objetivo de não pagar ICMS ao Estado de Minas Gerais. Além disso, a Cemig teria contratado um escritório de advocacia sem licitação para tratar de assuntos escusos e facilitar o processo de privatização da empresa.
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